Instituto Ricardo Jorge identifica quatro períodos de excesso de mortalidade em 2022
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), através do seu Departamento de Epidemiologia, efetuou um estudo com o objetivo de descrever a evolução da mortalidade por todas as causas durante o ano de 2022 em Portugal, bem como identificar e analisar os períodos de excesso de mortalidade.
De acordo com o trabalho realizado, foram identificados quatro períodos de excesso de mortalidade a nível nacional, totalizando 6.135 óbitos em excesso, tendo-se registado no período em estudo [semana 01/2022 à semana 52/2022 (03 janeiro de 2022 a 01 janeiro de 2023)] um total de 124.602 óbitos em Portugal.
Os períodos de excesso de mortalidade identificados foram:
- 17 janeiro a 06 fevereiro: 891 óbitos em excesso (12% de excesso em relação ao esperado), temporalmente coincidente com uma onda de COVID-19 e um período de temperaturas baixas;
- 23 maio a 19 junho: 1.744 óbitos em excesso (21% de excesso em relação ao esperado), temporalmente coincidente com uma vaga de COVID-19 e um período de temperaturas anormalmente elevadas para a época do ano;
- 04 julho a 07 agosto: 2.401 óbitos em excesso (25% de excesso em relação ao esperado), temporalmente coincidente com períodos de calor extremo;
- 28 novembro a 18 dezembro: 1.099 óbitos em excesso (15% de excesso em relação ao esperado), coincidentes com o período epidémico da gripe.
Dada a coincidência temporal, os especialistas do INSA concluíram que a maioria dos períodos de excessos de mortalidade identificados quer a nível nacional, quer a nível regional, terão estado potencialmente associados a fenómenos amplamente conhecidos por poderem ter impactos na mortalidade, particularmente, as epidemias de gripe e COVID-19 e os períodos de calor e frio extremo.
Segundo os autores desta análise, os impactos devido à gripe e COVID-19 terão sido inferiores do que os observados noutros invernos, por menor incidência de gripe e menor gravidade da pandemia de COVID-19, embora os impactos observados no verão tenham sido superiores aos observados em anos anteriores (ainda que dentro do esperado para a magnitude e duração dos períodos de calor registados).
Foram observados períodos de excesso de mortalidade em todas as regiões, embora com diferente duração e magnitude. A região Norte foi a região em que se identificou um maior número de semanas de excesso de mortalidade (18) distribuídas por quatro períodos. Observaram-se excessos de mortalidade no grupo etário dos 15 aos 24 anos de idade (estes provavelmente devidos a causas acidentais, embora os dados disponíveis não permitam confirmar esta hipótese) e nos grupos etários acima dos 65 anos, existindo um gradiente crescente com a idade em relação ao número de semanas em excesso de mortalidade (65-74 anos: 6 semanas; 75-84 anos: 9 semanas; e 85 mais: 22 semanas).
A monitorização da mortalidade por todas as causas é uma ferramenta útil na identificação de fenómenos de saúde, ou desastres de elevada gravidade ou de elevada incidência na população e impacto na mortalidade. Em Portugal, a monitorização da mortalidade é realizada, desde 2007, pelo Departamento de Epidemiologia do INSA, permitindo estimar impactos associados a diversos eventos, tais como epidemias de gripe, COVID-19, períodos de temperaturas extremas e acidentes.
Fonte: INSA
