INEM assinala Dia Internacional da Mulher com uma conversa sobre equidade e conciliação da diferença
Para assinalar o Dia Internacional da Mulher, assinalado mundialmente a 8 de março, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) promoveu uma conversa virtual sobre ser mulher no universo da emergência médica. Intitulada “Conversas amarELAS”, a sessão juntou mais de 50 profissionais do Instituto, entre mulheres e homens, que partilharam experiências e opiniões num ambiente descontraído e informal.
Num dia que pretende celebrar as conquistas da mulher nos diferentes eixos da sociedade, a tónica da discussão é frequentemente colocada na igualdade de género. Sónia Cunha, do Centro de Apoio Psicológico e de Intervenção em Crise (CAPIC), apontou por isso a diferença entre os conceitos de “igualdade” e “equidade”, termos que são “usados indiscriminadamente mas que remetem para significados diferentes”, explicando: “Igualdade significa que todos fazem a mesma coisa, da mesma maneira; equidade permite respeitar a diferença, sendo possível chegar ao mesmo resultado de diferentes formas”. Para a Psicóloga, o Dia Internacional da Mulher continua a ser uma efeméride relevante para se dar continuidade à “luta pelo respeito e pela diferença”, bem como pela “igualdade de oportunidades”, um aspeto que acredita “ser uma constante no INEM”.
Opinião partilhada por Regina Pimentel, responsável pela Delegação Regional do Centro, que referiu que no INEM existem “as mesmas oportunidades para se chegar a cargos de chefia e liderança”, numa instituição onde considera não existir atitudes discriminatórias. “Todo temos de ser parceiros um dos outros e trabalhar para aceitar as diferenças que existem”, adiantou a Médica que, até ao momento, foi a única mulher a desempenhar a função de Presidente do INEM.
“Ao longo dos tempos, o nosso serviço vem demonstrando que esta é uma instituição integradora” que permite que os profissionais possam desempenhar diferentes papéis, nomeadamente em termos profissionais e familiares. “Nesse aspeto, temos uma conciliação entre o trabalho e a vida pessoal que, ao longo dos anos, tem melhorado extraordinariamente”, defendeu Regina Pimentel.
Emília Justo, Enfermeira na Delegação Regional do Sul – Faro, admitiu que nem sempre é fácil trabalhar no INEM, pela profissão altamente imprevisível que exerce e que faz com que os seus profissionais “se desdobrem para conseguir colmatar as necessidades” que vão surgindo. A Enfermeira reconheceu que é graças ao seu suporte familiar que se consegue “dedicar de corpo e alma a esta causa”.
Quebrar o estigma
Sendo uma área profissional que exige algumas capacidades que são, ainda, fortemente associadas ao universo masculino, o estigma na emergência médica foi outro dos assuntos abordados durante a sessão. Andreia Pinho, Técnica de Emergência Pré-hospitalar, assumiu receber comentários que revelam espanto por conduzir o Motociclo de Emergência Médica (MEM). Recentemente, numa ocorrência na via pública em que se encontrava a autoridade, contou que “o polícia não soube disfarçar a admiração por ter sido eu a trazer a MEM”. Também Cláudia Catarino, Enfermeira que habitualmente conduz uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), admitiu sentir essa mesma surpresa quando chega aos locais da ocorrência ao mesmo tempo ou mesmo primeiro que outros meios, para além de ouvir por vezes comentários de admiração por saber “conduzir como um homem”.
Outro aspeto apontado por Cláudia Catarino é o “cuidado redobrado” que sente, por exemplo, na preparação de operações ou missões que integram mulheres, ou mesmo no local das ocorrências, em momentos em que é necessário alguma destreza ou força como descer ravinas, subir telhados, ou outras situações. Assegurou, no entanto, que não interpreta estes comportamentos como “mau estigma”, mas apenas como um cuidado extra que, provavelmente, não existiria em relação a um homem.
Numa instituição que, segundo dados de 2020, congrega 544 mulheres num universo de 1.383 profissionais, Sónia Cunha defendeu que “a presença da mulher no terreno é crucial para a projeção e afirmação do seu papel”, pelo que “o INEM tem um papel preponderante de afirmação da mulher em Portugal”.
