Esclarecimento a atuação do INEM
Na sequência de algumas notícias que têm vindo a público a propósito da assistência prestada pelo INEM a Nuno Alpiarça, treinador do Sporting – referindo-nos às elaboradas com base em comunicados de entidades sem qualquer conhecimento de causa sobre o sucedido na ocorrência em particular – importa ao INEM esclarecer, de acordo com os registos informáticos e gravação de chamadas telefónicas disponíveis, que:
O Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM recebeu, às 10h19m, uma chamada solicitando ajuda para um homem que estaria a correr e teria sofrido uma queda, apresentando possível traumatismo do joelho. Considerando os sinais e sintomas referidos, e depois de realizada a triagem clínica da situação, foi acionada, às 10h21, uma Ambulância de Emergência Médica (AEM) para o local da ocorrência.
À chegada da tripulação da Ambulância, e após a primeira abordagem, foi referido pela própria vítima que estaria com dificuldade respiratória já há uma semana, motivo pelo qual, considerando as normas e procedimentos em vigor na fase de mitigação da pandemia COVID-19, um dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) vestiu o Equipamento de Proteção Individual (EPI) para poder prosseguir com a avaliação da vítima em segurança.
Após estarem reunidas as condições de segurança e enquanto o TEPH continuava a avaliação da vítima, foram identificados sinais e sintomas de maior gravidade que justificaram o início de oxigenoterapia e o contacto com o CODU, às 10h57, para pedido de apoio diferenciado. Durante o contacto com o CODU, a vítima entrou em Paragem Cardiorrespiratória (PCR), tendo sido iniciadas imediatamente manobras de Suporte Básico de Vida com recurso ao Desfibrilhador Automático Externo (SBV+DAE).
A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), entretanto acionada pelo CODU, chegou ao local às 11h13 e realizou manobras de Suporte Avançado de Vida (SAV) durante aproximadamente 20 minutos. Após este período, é feito contacto com o Hospital de Santa Maria para avaliar possibilidade de recurso a ECMO.
O Transporte da vítima para a Unidade Hospitalar de Santa Maria é iniciado às 11h43.
Pelo exposto, o INEM esclarece que:
Na chamada inicial não foram indicados quaisquer sinais ou sintomas compatíveis com uma vítima critica, tendo sido referido que a vítima teria sofrido uma queda, motivo pelo qual foi acionado o meio de socorro mais indicado para resolução da situação, no caso uma AEM.
Após chegada da equipa da AEM ao local da ocorrência e realização da necessária avaliação inicial, foi identificada uma situação que obrigou à tomada de precauções adicionais. De notar que, por se tratar de uma situação de dificuldade respiratória com uma semana de evolução, existem protocolos que têm obrigatoriamente de ser cumpridos para garantir a segurança dos doentes e das tripulações dos meios de emergência médica, designadamente os relacionados com a utilização de Equipamento de Proteção Individual.
No decurso da avaliação, a situação clínica da vítima agravou e a tripulação da AEM solicitou apoio diferenciado ao CODU, tendo sido acionada, às 10h57, a VMER do Hospital Fernando da Fonseca. Durante o pedido de apoio diferenciado, e estando a VMER já acionada, a vítima entrou em PCR, tendo sido imediatamente iniciadas manobras de SBV+DAE. Assim que a VMER chegou ao local, garantiu a continuidade de cuidados, realizando manobras de SAV.
Não se confirma, desta forma, ter existido qualquer atraso na assistência. A vítima foi assistida no imediato por uma equipa de uma Ambulância de Emergência Médica do INEM. Já depois de terem realizado a primeira abordagem, a sintomatologia do doente agravou e foi acionado um meio mais diferenciado, neste caso uma VMER.
Compreendemos que exista um desconhecimento sobre a atuação das equipas do INEM, mas não é correto referir-se que o doente demorou duas horas a chegar ao hospital quando a VMER é precisamente um meio de emergência médica altamente diferenciado, que funciona como uma extensão do Hospital (são meios com base hospitalar) e que não é mais do que uma unidade de cuidados intensivos móvel preparada para prestar ao doente o mesmo nível de cuidados que receberia em ambiente hospitalar.
Naturalmente que os cuidados prestados demoraram o seu tempo (para abordagem ao doente, estabilização e, tendo sofrido PCR, reanimação) mas importa compreender que no tempo que decorreu entre o pedido de ajuda inicial e a chegada ao Hospital, a vítima esteve sempre a receber a assistência médica adequada à sua condição clínica.
O INEM lamenta profundamente o desfecho que a situação veio a conhecer, certos de que por parte das equipas pré-hospitalares, tudo foi feito para prestar a esta vítima, a cada momento, os melhores cuidados de emergência médica.
