Portugal vai testar imunidade à COVID-19
“Portugal vai fazer estudos serológicos para saber a proporção da sua população que adquiriu imunidade ao novo coronavírus”, adiantou este sábado a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, na conferência de imprensa diária de atualização dos dados da COVID-19.
Segundo a responsável, o INSA – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge prepara-se para entrar numa fase piloto para “ver como é que esses testes podem ser feitos e quando”. Reforçando que “a imunidade é uma coisa que leva tempo a instalar-se”, Graça Freitas lembrou que o país registou o primeiro caso há cerca de um mês.
Com a colaboração de vários académicos e cientistas, o INSA prepara-se para, em alinhamento com o que será feito nos outros países, determinar qual a melhor metodologia a usar nos testes e qual o melhor momento para os realizar. No entanto, alertou a Diretora-Geral da Saúde, “depois terão que se repetir para ver a duração da imunidade”.
Questionada sobre a possibilidade de o regresso às aulas acontecer já no início de maio, Graça Freitas explicou que existe um grupo de cientistas que trabalha “para perceber em que altura será útil começar a introduzir alguma normalidade [retirando medidas de conteção], de que forma isso será feito” e “como vai ser monitorizado”.
Nesta altura, adiantou, não é possível avançar com uma data, porque isto “é uma coisa muito complexa”, que tem que ser analisada diariamente. É algo, sublinhou, que requer “muita reflexão e muita ponderação”.
No início da conferência de imprensa, a Ministra da Saúde atualizou os dados sobre a COVID-19 em Portugal: 10.524 infetados (mais 638), 266 mortes e 75 casos de recuperação.
Num balanço dos primeiros dias da fase de mitigação, Marta Temido constatou “uma grande responsabilidade por parte dos portugueses e da autoridade de saúde nacional”, bem como de todos aqueles que trabalham na área da saúde. “Esta não é corrida de 100 metros. É uma longa maratona e temos que dosear muito bem as nossas expectativas, energia e esforço. Precisamos de continuar a aplicar as medidas de contenção, de continuar a informar-nos corretamente sobre as regras […] e precisamos de continuar a apoiar aqueles que precisam de apoio”.
A Ministra da Saúde referia-se, em particular, às pessoas que estão nos lares residenciais de idosos, que são aqueles onde o Governo tem sentido as maiores dificuldades. Por outro lado, admitiu que possam existir problemas relacionados com a saúde mental, pelo que foram ativados os gabinetes regionais de crise em saúde mental. Este é um momento, frisou, para equilibrar “o medo e a coragem”.
De acordo com os últimos dados analisados (até 16 de março), adiantou Marta Temido, o índice de contaminação em Portugal foi de 1.81, o que significa que cada pessoa contagiava, em média, menos de duas pessoas. No entanto, ressalvou, estão são “estimativas sujeitas a um elevado grau de incerteza”.
Relativamente ao material de proteção, a Ministra revelou que hoje serão recebidas 3 milhões de máscaras cirúrgicas e 400 mil máscaras FFP2. Já no que diz respeito aos testes, Portugal efetuou 88.467 testes entre 1 de março e 1 de abril e tem, neste momento, capacidade para realizar diariamente 6.480 no setor público e 4.190 no privado. Dos 1.500 ventiladores que irão reforçar o SNS através de compras e doações, é esperada a chegada de 144 durante o dia de amanhã.
Fonte: DGS
