06-11-2018

Relato de um dia especial – Um testemunho.

“Sempre quis fazer urgência e o pré-hospitalar era um sonho especial”

 

Filipe Bruxo, enfermeiro do Centro Hospitalar do Algarve, realizou o primeiro estágio em ambiente pré-hospitalar na Ambulância SIV de Lisboa após conclusão do curso de Suporte Imediato de Vida para Enfermeiro. Após conclusão dos turnos em Ambulância, Filipe, enfermeiro desde 2011, deixou o seu testemunho que agora reproduzimos.

 

Realizou o seu primeiro estágio na Ambulância SIV de Lisboa, com o Enfermeiro João Lourenço e a TEPH Marisa Xambre e confessou que existiu algum nervosismo inicial.

 

Filipe admite que o primeiro serviço correu muito bem e que teve logo a oportunidade de assumir a responsabilidade.

 

Na ocorrência seguinte foram acionados para um acidente com um motociclo. No local encontraram um grande aparato, com vários meios no local e trânsito complicado… e o primeiro impacto não foi fácil de definir: “Sou sincero, não me senti à vontade. Mas a cooperação entre os vários meios no local ajudou-me imenso… embora o desfecho não tenha sido o pretendido, sabemos que nada mais havia a fazer.”

 

No segundo turno, responderam a uma situação de trabalho de parto, com possibilidade do bebé já ter nascido e uma vez mais o cenário ficará na sua memória: “quando chegámos encontrámos o bebé em paragem cardíaca. A mãe disse-nos que já tinha nascido assim. E aí sim… as emoções foram muito fortes. Consegui controlar-me no local, na presença da família… eu, o enfermeiro Américo Oliveira, a TEPH Vera Santos e a VMER São José – CHLC fizemos tudo o que podíamos. Sem dúvida, um choque muito grande para mim. Estar ali é totalmente diferente do contexto formativo…“

 

O enfermeiro estagiário admite que “no sítio onde eu trabalho o ambiente é controlado, eu sei mais ou menos com o que conto. Aqui, estamos completamente sem tecto. Temos de chegar, ver e atuar, dando o nosso melhor, porque nunca sabemos para o que vamos ao certo.”

 

Quanto aos profissionais do INEM, é perentório: “Só posso falar bem. Dos formadores aos operacionais de rua, os profissionais são fantásticos. Quando se aperceberam que não estava à vontade na situação do bebé, tentaram jogar-me logo a mão, para que não me perdesse. Quando chegámos à base a psicóloga Margarida Portugal Mota veio falar connosco de forma muito informal e isso foi muito útil, porque ajudou-me imenso a descomprimir e perceber que, nesta profissão, pode acontecer a qualquer um. O que importa é estar de consciência tranquila.”

imagem do post do Relato de um dia especial – Um testemunho.
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