Exposição a fumo resultante de incêndios florestais: Riscos para a saúde
Considerando a atual vaga de incêndios em Portugal, a Direção-Geral da Saúde compilou informação sobre os riscos para a saúde associados à exposição a fumo resultante de incêndios florestais.
Características dos fumos provenientes de incêndios florestais:
A diferente composição das madeiras e vegetação leva a que diferentes compostos sejam libertados, quando queimados. A composição do fumo é dependente, igualmente, do tipo de combustível, teor de humidade, temperatura e duração da combustão, condições de vento ou outros fatores climáticos. O fumo proveniente de incêndios florestais é, geralmente, uma mistura de:
- dióxido de carbono;
- vapor de água;
- monóxido de carbono;
- mistura de partículas sólidas e gotículas líquidas suspensas no ar;
- hidrocarbonetos e outros produtos químicos orgânicos;
- óxidos de azoto;
- acroleína;
- formaldeído;
- minerais.
Efeito das partículas:
O fumo resultante dos incêndios florestais possui altos níveis de partículas e toxinas que podem causar lesões a nível respiratório, cardiovascular e oftalmológico, entre outros. As partículas suspensas são os principais poluentes no contexto dos incêndios florestais com impacte direto na saúde, de acordo com a dimensão das mesmas:
- As partículas com diâmetro superior a 10 micrómetros geralmente não atingem os pulmões, mas podem irritar os olhos, nariz e garganta;
- As partículas com diâmetro inferior ou igual a 10 micrómetros podem ser inaladas profundamente e afetar os pulmões. Altas concentrações destas partículas levam a tosse persistente, aumento da mucosidade e dificuldade respiratória.
Assim, pode surgir sintomatologia respiratória em indivíduos saudáveis, com necessidade de tratamento médico. Em indivíduos com doença respiratória crónica, a exposição a fumo resultante de incêndios, pode levar ao agravamento do estado de saúde.
Efeito do monóxido de carbono:
A concentração de monóxido de carbono no fumo resultante do incêndio só tem efeitos nocivos para a saúde para quem estiver próximo da linha de fogo, podendo resultar em:
- Cefaleias, sensação de falta de ar, alterações visuais, irritabilidade, náuseas e fadiga para concentrações inferiores a 40%;
- Confusão, alucinação, ataxia e coma para concentrações entre 40 e 60%;
- Morte para concentrações superiores a 60%.
Efeito de outras substâncias:
O formaldeído e a acroleína são duas das principais causas da irritação ocular e respiratória e potencial exacerbação da asma.
O nível e a duração da exposição, a idade, a suscetibilidade individual, incluindo a presença ou ausência de doença pré-existente (por exemplo, asma, DPOC ou doença cardíaca) têm impacto na saúde.
A Direção-Geral da Saúde recomenda:
Para os serviços de saúde
- Organizar os Serviços de Saúde, para que, antecipadamente, adequem as necessidades de resposta face ao possível aumento no número de utentes com sintomas associados à exposição e inalação de fumo;
- Providenciar apoio psicossocial aos indivíduos mais expostos e aos grupos vulneráveis à situação potencialmente traumática;
- Envolver os media por forma a que a cobertura destes eventos tenha em conta o impacte psicológico das imagens e informação veiculada.
- Avaliar e monitorizar a qualidade do ar em articulação com as instituições competentes.
Para a população
- Evitar exposição ao fumo, mantendo-se dentro de casa, com janelas e portas fechadas, em ambiente fresco. Ligar o ar condicionado, se possível, no modo de recirculação de ar;
- Evitar a utilização de fontes de combustão dentro de casa (aparelhos a gás ou lenha, tabaco, velas, incenso, entre outros);
- Evitar atividades no exterior;
- Utilizar máscara/respirador (N95) sempre que a exposição for inevitável;
- Manter a medicação habitual (se tiver doenças associadas, como asma e doença pulmonar obstrutiva crónica – DPOC) e seguir as indicações do médico perante o eventual agravamento das queixas;
- Manter-se informado(a), hidratado(a) e fresco(a).
Fonte: DGS
